Paranóias e desilusões

Era uma vez Emilia. Ela era toda disciplinada, mas só era para mostrar para os outros. Assim que alguém vinha e dava uma rasteira nos seus sonhos. BUM. Emilia caia e não levantava mais.
Desistiu da patinação, da esgrima e da solidão.
Precisava desesperadamente de alguém ali ao lado dela, para que pudesse provar que conseguia.
Vai Emilia. Vai nascer.
Se o médico não estivesse lá Emilia ainda estaria dentro do útero.
Mas o mundo foi levando Emilia e o trabalho tapeou a maior parte dos seus sonhos e dentro do trabalho tinha um monte de gente que queria que ela provasse ser melhor que alguém.
Emilia se realizava como workaholic. Mas queria mais. Queria poder ter alguém em todas as áreas da vida dela.
Vai Emilia. Vai viver.
Foi o que Emilia fez. Empacotou suas coisas e foi para o Norte, onde era frio e ela não precisava provar nada para ninguém.
Mas na verdade precisava, ela queria desesperadamente.
Virou sorvete.
Trabalhava das três as dez, vestida de sorvete distribuindo panfletos na frente da lanchonete.
Foi bom. Sorvete não tem sonhos, nem Emilia.

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