Sabia que no fundo, dentro dela, era a mesma pessoa. Sabia, mas negava. Alisava o cabelo. Trocava de roupa.
Sempre seria ela, não importa o que faça. E violentava-se com o dia a dia terrível da mesmice sem tamanho, das coisas comuns, dos mesmos lugares.
Aceitava a burrice e se perturbava. Esbravejava. Mas no final, sempre aceitava porque era cômodo.
Não tinha forças para revolucionar, nem coragem para chocar. Cansou-se. Casou-se. Aceitou a vidinha mais ou menos.
Rendeu-se.
Ouvia todas aquelas pessoas, aquelas que não sabem o que falam, aquelas que vivem em seus mundinhos da introspecção umbilical, ouvia e não se encantava. Não se apaixonava por mais nada.
Nem um livro.
Nem nada.
Não existiam forças dentro dela. Aceitava muda. Rangia os dentes. Na hora de dormir.
Na manhã seguinte, trocava de roupa e alisava o cabelo.

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