A definição era de ser interesseira mesmo, daquelas que usa os outros para beneficio próprio. A única coisa que não entendia, é que até para namorado filho da puta existia segunda chance.

Mas não para ela.

Era muito interesseira para isso. Porém sua ex amiga não a definia assim, para ela era um padrão típico das pessoas daquela cidade, sempre pensavam antes em si mesmos.

Nunca negou que tinha um romance com seu próprio umbigo, e que não abriria mão do seu bem estar por outra coisa qualquer. Mas sempre levou a serio uma amizade. Sempre. Era quase do tipo mãe. Aconselhava, aconchegava, levava para casa e sentia falta de estar rodeada de amigos.

Só que possuía um grande defeito. Ela usava. E abusava. De tudo.

As músicas tocavam freneticamente no repeat, comia um mês a mesma comida e sempre tinha um querido da semana. Por que seria diferente com suas amigas?

Numa semana confusa de sua vida, havia adotado uma japinha simpática como companheira tira-colo. Aquela japinha viria a ser uma das suas melhores amigas depois...mas isso é outra historia.

E seguiu pro cinema feliz e contente com sua melhor amiga oriental. Porém para sua surpresa total, ao seu lado sentou-se sua ex melhor amiga da semana. E lá ficou. E depois que acabou o filme levantou e foi embora, do mesmo modo que tinha chegado.

Ela esboçou alguma surpresa, correu atrás, a japa abriu um pouco mais o olho, e seu amigo indie que não estava na historia sugeriu que fossemos todas até o prédio da sua ex melhor e agora aborrecida amiga.

Eles foram, cantando uma musica engraçada pela rua. Todos, menos a japa, que sempre vai pra casa mais cedo.

E lá deixaram um bilhete esboçando uma desculpa qualquer por não ter ligado.

Nada foi igual depois daquele dia. Rolou um efeito dominó cheiro de gambá que apodreceu alguma coisa entre o grupo w de amigas, a qual a ex melhor amiga e ela faziam parte. Sabe aquela coisa de não saber como se manifestar na presença da outra. Foi mais ou menos assim.

Enquanto as outras integrantes do grupo tentavam de todas as maneiras apaziguar a situação. Não havia meio de remediar.

O gambá estava morto.

No caso de rompimento de amigas não existe volta, existe até operação de hímen, mas nada cura uma dor de cotovelo.

Mesmo que o erro estivesse escrito na sua rua, como o “EU TE AMO”, de um próximo ex namorado, ela não conseguiria enxergar. Ela não conseguia ler sem seus óculos.

Ela tentou. Gastou uns 10 reais a mais na conta do celular para ver se mudava aquela situação fétida de ex amiga, porque não aceitava bem uma rejeição.

Pensava que era zen demais to let someone down. O fato é que o não era.

Continuava a ser uma pilha de defeitos, sem fatias de carne, com alface e molho especial, que ela variava segundo a semana.

Nunca pensou que um filme ruim teria um efeito tão devastador na sua consciência entorpecida por incensos de massala. Ela lembra poucas coisas do filme, esqueceu o nome da musica que cantava no caminho, mas lembra de ter mandando 10 recados para caixa postal da sua melhor ex amiga no mesmo dia.

E não consegue esquecer a cara de tacho das outras vezes que a encontrou na rua.

Não adianta nem tentar. A situação entre ex amigas e tão irreversível quanto os efeitos da falta de colágeno na pele.

Bom, pelo menos esses são inevitáveis.

Comentários

Anônimo disse…
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