Do you care?



Contar a minha vida é fácil. Quem escolhe as palavras sou eu.
Me expor aqui também é fácil, porque é o vazio encobre as leituras perdidas. Às vezes uma exclamação aqui, outra ali, mas a vida continua a mesma.
As fotos congelam minha imagem, exposta, a mostra, pra qualquer inglês ver. Inglês, Francês, vizinho. Eles que não entendem o que eu sinto, que ignoram a escolha lexical, que não percebem a depressão, que não sabem quem sou eu.
Pois bem, também não o sei. Essa vitrine de mim já foi terapia, hoje é eco perdido no espaço. Já foi febre, questão de estética, hoje é muleta.
Muleta que afasta a idéia remota de solidão. Deixando-me a leve impressão que não estou sozinha. Que os comentários são quase abraços, pedaços de gente. Toda essa carencia eletronica, esse carinho artificial.
Pois bem, se voce se importa, se vc sabe, se vc conhece. Que o contato não seja apenas entre os cabos, que o contato seja das ideias. Que Platão não morra assim, tão longe de mim, que tenha volta.
Se vc se importa.

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