Mesmo tendo certeza que isso não dará certo, eu insisto. Arrancando a pele que está quase cicatrizada. Aquela que você sabe que deixará uma marca. Daquelas marcas que você não esquece.
Que vai estar sempre ali, olhado para você e recontando uma história que já passou. Você passou por ela e mesmo assim finge que não lembra, e com a unha embaixo da pele você arranca e assiste sangrar.
Gostaria de ter autocontrole e deixar cicatrizar. Fechar. Deixar a pele nova vir à tona e respirar.
Mas eu não respiro direito perto de você. E vem aquela vontade toda de me perder e sangrar. Eu finjo que respiro, eu tenho falta de ar, bronquite, asma, renite e uma dor no peito que me confunde.
E eu nem gosto tanto assim. De mim.
Com aquela pele pendurada tentando se grudar ao corpo com todo esforço do mundo, eu assisto de fora, como se o corpo não fosse meu.
Eu no seu corpo.
Eu não sei. Mas eu sonho com coisas que nunca terei. Eu vejo dias que nunca passei. Eu me vejo acordar ao seu lado, mesmo sabendo que eu nunca dormirei.
Arranco de uma vez. De mim. Tiro de mim.
Você nunca foi meu.

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